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  • Lucas Veiga

Concorrência para Negócios Criativos



Meu nome é Maria e eu sou dona da única papelaria da minha cidade.

Abri uma loja na garagem da minha casa, coloquei algumas prateleiras e em cima delas alguns dos produtos que sei que as pessoas da minha cidade precisam.

Todos os dias, alguns clientes vem até a loja, escolhem alguns produtos e eu vendo.

Não gosto muito de atender os clientes, mas eu sou a única da cidade, meu negócio vai bem.


Meu nome é João e sempre me interessei gostei muito de escrever. Quando me contaram que havia aberto a primeira papelaria da minha cidade, fui correndo comprar mais materiais para que eu pudesse escrever ainda mais.

Porém, chegando lá, encontrei opções de materiais ruins e caros e fui mal atendido pela dona, Maria.

Decidi que eu mesmo iria abrir minha papelaria e criei a Papelaria do João e vou ser melhor que aquela garagem que a Maria chama de papelaria.

Comprei produtos melhores e faço questão de atender meus clientes muito bem, deixando que eles provem os materiais.

Meu negócio agora vai melhor que o de Maria.


Meu nome é Sueli. Sou dona do único mercado da cidade, o Mercado TemTudo.

Sempre só vendi os lápis e canetas que estavam jogados em uma gaveta, mas agora existem duas lojas vendendo itens de papelaria na minha cidade.

Já que as pessoas estão comprando esses produtos, vou criar uma seção no meu mercado para esses produtos e como consigo comprar do meu fornecedor, conseguirei vender os mesmos produtos por um preço mais barato.

Agora as pessoas que já vem ao meu mercado terão a facilidade de comprar os itens que compravam de João e Maria junto de suas compras do mês, pagando ainda mais barato.


Deve ter sido uma delícia ser a Maria quando ela teve uma ideia inovadora e pode aproveitar os louros de ser a primeira.


Deve ter sido menos delícia quando ela percebeu que se não estruturasse melhor seu negócio e melhorasse seu atendimento iria perder seus clientes pro João.


Deve ter sido horrível ser o João e a Maria quando se perceberam abandonados pelos pais naquela floresta e tiveram que cometer homicídio para se livrar da Bruxa da Casa de Doces.


E também deve ter sido horrível quando o João e a Maria da nossa história perceberam que não tinham como competir com o Mercado TemTudo pois ele oferecia os mesmos produtos, mais baratos para todos os clientes da cidade.


Concorrência é uma merda.


E ainda assim, é graças a ela que temos produtos e serviços em constante evolução e melhoria.


Esses dias dei minha primeira palestra “Marketing: Para Além das Redes Sociais”.

Nas mais de 02h que eu falei pra um grupo de mulheres empreendedoras, abordei o assunto que eu acredito ter mais propriedade para falar e que fosse uma régua em comum entre os negócios de todas que estavam presentes: porque marcas são importantes.

Mas marcas não existem num ambiente inócuo e são tão importantes hoje em dia basicamente por um motivo:


A necessidade de se diferenciar do seu concorrente.

Num mercado saturado como a maioria dos negócios compete hoje, brigamos para que os consumidores consigam olhar através do barulho de tanta comunicação e vejam a nossa marca como um farol no meio da névoa.

Mas pra eu saber quem eu sou e como posso ser diferente do outro, eu tenho que saber analisar a minha concorrência.

Então abaixo, vamos explorar alguns parâmetros para análise de concorrência que podem ser aplicados em todos os negócios, ou melhor dizendo…


OS 4 CONCORRENTES QUE QUEREM MATAR O SEU NEGÓCIO

drama.


Lucas tem um restaurante.Não eu, porque eu ainda não tenho.Mas um Lucas tem um restaurante.Vamos ver como Lucas navega as sangrentas águas do mercado enfrentando:



Concorrentes que são quase indistinguíveis

O seu concorrente direto. O mais óbvio: aquele que faz a mesma coisa que você faz. Se o seu cliente quer resolver aquele problema com a sua solução (seja produto ou serviço), ele não sente que está perdendo tanto a ir buscar a solução na concorrência.


O restaurante de Lucas é sofisticado, contemporâneo, ambiente legal, público jovem e casais, ticket médio alto. Na rua do seu restaurante tem mais três muito parecidos com o seu, tanto em público, quanto em ambiente, quanto em cardápio.Quando seu restaurante está com fila de espera, os clientes conseguem ver os outros restaurantes e sequer esperam na fila, simplesmente vão para outro lugar.

Concorrentes que são um pouco distinguíveis

O seu concorrente não tãoooo direto. Ele ainda resolve o mesmo problema que você resolve, mas com uma diferença na forma.


Virando a esquina do restaurante de Lucas, você encontra um Wine Bar, um restaurante grego e um restaurante francês.São mais específicos e experiências um pouco diferentes da que Lucas promove, mas se você está buscando uma experiência gastronômica, talvez possa considerar todos essas opções.


Concorrentes pelos recursos que você toma do cliente

Aqui é importante introduzir o conceito de “share of wallet”.

Literalmente quer dizer a “porção da carteira” do seu cliente, que é quanto um cliente tem dentro do orçamento dele para gastar com a sua categoria de produtos/serviços.

O seu concorrente pode não oferecer o mesmo que você oferece, mas se ele tira do seu cliente o mesmo dinheiro que o seu cliente teria para gastar com você, ele é um perigo para sua empresa.


Lucas torce para que seus clientes não bebam demais no final de semana.Se ele gastar demais no camarote da balada, talvez vai querer economizar comendo em casa em vez do seu fettuccine al nero di seppia com frutos do mar.Todo o “entretenimento noturno” compete pelo mesmo orçamento dos clientes.

Para além do dinheiro, existem outros recursos pelos quais os negócios concorrem: tempo, disposição, apetite…



Concorrentes da satisfação que você dá ao consumidor

Pessoas compram coisas (= consumidores) por motivos econômicos, sociais, culturais e simbólicos.

E pessoas vendem coisas (= o mercado) analisando as necessidades e criando novas (nem sempre) soluções para os problemas dos consumidores.

Com tamanha oferta de soluções que o mercado dá hoje, consumidores conseguem buscar novas respostas para seus problemas o tempo todo.

Ou seja, a satisfação econômica, social, cultural e simbólica que seu produto ou serviço gera para os consumidores pode ser substituída.

E todas essas substituições são seus concorrentes.


Lucas tinha uma clientela fiel que sempre ia ao seu restaurante, comiam e bebiam sem pensar na conta, os clientes dos sonhos.Mas passado alguns meses, Lucas vê que esses clientes desapareceram.Passeando num shopping, Lucas dá de cara com um desses clientes e informalmente, tenta entender porque eles nunca mais voltaram:“Viramos fit agora, academia com personal todos os dias, estamos cortando o álcool e numa dieta rigorosa com nutricionista. Só alface e água agora. Nunca nos sentimos melhor!” - o cliente responde.Ex-cliente agora.

Essas são algumas maneiras de expandir o nosso olhar sobre a concorrência, entendendo que consumidores buscam soluções por diferentes motivos e podem nos substituir por diferentes motivos.

Não tem como se blindar da concorrência. Não tem “empresa anti-frágil”.

Não adianta a empresa acordar às 05h da manhã tomar café com manteiga e se tornar superpoderosa.


Existe conhecer o consumidor,

conhecer o produto ou serviço

e criar um caminho entre esses dois.


Atenciosamente,
Lucas Veiga

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